21/12/2005

o canto infinito*

o poema começa de facto aqui,
mas estou à espera, leitor, de ler nos teus olhos
as outras palavras que igualmente lhe pertencem;
aguardo a tua ajuda cúmplice,
como em tantas vezes,
em que, lendo os meus versos,
lhes acrescentaste a tua emoção:
um pedaço da tua alma, tal como da minha,
ficou lá a vibrar para sempre no corpo desses poemas;
e eles, cada vez que alguém, diligente, os lia,
vestiam nova roupagem, ganhavam nova forma:
pelas metáforas já gastas perpassava agora
o sopro das manhãs que de teu coração escorriam;
e eu, tantas vezes longe de ti,
sentia-te perto, arfando ao meu lado,
sempre que o teu olhar me percorria
verso a verso -
como agora, leitor, como agora;

não me faças esperar mais;
este poema que eu próprio escrevi
vai receber aquele que já vejo assomar nos teus olhos,
e os dois vão ser um só;
e cada um que o ler nele entrelaçará o seu,
e sílaba a sílaba, verso a verso,
não terá fim o nosso canto.

António Simões, inédito, Natal de 2005.
* Dedicado aos meus generosos leitores do Palácio das Varandas.

12 comentários:

Anónimo disse...

A sensibilidade deste Poeta extravasa todos os padrões. Obrigada, António Simões, pelo seu canto.
Ao seu, junto, apenas, o meu trinado.

Anónimo disse...

Verso a verso vou tecendo a ária que canto, em surdina, quando os meus olhos deixam o poema.
Um abraço fraterno, Poeta!

Anónimo disse...

Obrigado, Poeta.
Um abraço. Marcamos encontro daqui a um ano, com um novo poema no Natal de 2006.

Anónimo disse...

E juntos dançaremos, também, a valsa da Alegria e da Paz.

Anónimo disse...

Passei e não resisti.
Um abração!

Anónimo disse...

Poetas são os Homens bonitos que com o seu canto dão cor a este País cinzentão...

Anónimo disse...

Por mim, agradeço, com o riso nos olhos, a simpatia deste presente de Natal! Um bom Natal para si, António Simões !

Anónimo disse...

Também eu agradeço com um sorriso e uma flor em cada mão. Igualmente um bom Natal, Poeta!

Anónimo disse...

Um Cartão cheio de felicidade. Bom Natal, Amigo!

Anónimo disse...

O poema começa de facto aqui. Aqui onde os meus olhos se encontram com o Poeta. E lhe retribuem todo o afecto contido em cada verso. Se eu soubesse. Se eu soubesse vestiria o meu mais bonito fato para dançar uma valsa em nome da Poesia e dos Poetas. E se eu soubesse deixaria o meu par de sapatos novo em cima da chaminé de uma nova casa. Mas a minha casa é velha, como velho é o par de sapatos e o fato que, outrora, vestia nos dias de festa. Mas o meu coração é novo, mas velho, muito velho nos afectos.

Anónimo disse...

Feliz Natal, Senhor Poeta!

Anónimo disse...

O mundo dos afectos será, de novo, partilhado entre os Homens de boa vontade.
Obrigado, Poeta. Um abraço afectuoso netse Natal de 2005.