27/02/2006

o poeta combatente


"Horrible journée! J'ai assisté, distant de quelque cent mètres, à l'exécution de B. Je n'avait qu'à presser sur la gachette du fusil-mitrailleur et il pouvait être sauvé! Nous étions sur les hauteurs dominant Céreste, des armes à faire craquer les buissons et aux moins égaux en nombre aux SS. Eux ignorant que nous étions lá. Aux yeux qui imploraient partout autour de moi le signal d'ouvrir le feu, j'ai répondu non de la tête... Le soleil de juin glissait un froid polaire dans mes os. Il est tombé comme s'il ne distinguait pas ses bourreaux et si léger, il m'a semblé, que le moindre souffle de vent eût dû le soulever de terre. Je n'ai pas donné le signal parce que ce village devait être épargné à tout prix. Qu'est-ce qu'un village? Un village pareil à un autre? Peut-être l'a-t-il su, lui, à cet ultime instant?"

René Char.

"Que dia horrível! Assisti, à distância de cem metros, à execução de B. Bastava ter apertado o gatilho da metralhadora e ele poderia ser salvo! Estávamos nas colinas de Céreste, com armas que faziam estalar os arbustros e pelo menos em número igual ao dos Nazis. Eles ignoravam que nós lá estávamos. Aos olhos que, à minha volta, imploravam o sinal de abrir fogo, respondi que não com a cabeça... O sol de Junho impregnava os meus ossos de um frio polar. Caiu como se não visse os seus carrascos e tão leve, pareceu-me, que o menor sopro de vento o levantaria da terra. Não dei o sinal porque a aldeia deveria ser poupada a todo o custo. O que é uma aldeia? Uma aldeia parecida com tantas outras. Será que ele soube-o, no último instante?"
Homenagem prestada, a folhas 157 de "Les Feuilles d' Hypnos", de René Char, ao companheiro e combatente da Resistência Francesa, Émile Cavagni, assassinado, em Maio de 1944, em Forcalgnier, pelos Nazis.
-Fotografia de Jean Baptiste Barnaud.

1 comentário:

Anónimo disse...

Aos poetas combatentes, um abraço!