01/02/2006

a oficina do tempo

A escultura nasce da modelação das formas que mãos ávidas procuram moldar ao jeito do tempo, contra os limites estreitos do espaço.
Por isso deliciámos as mãos no barro fértil que fez surgir, na oficina do tempo, as formas ansiosas de um novo espaço.
Por isso deliciámos as formas férteis, surgidas na oficina do tempo, com as mãos ansiosas de um novo espaço.
Por isso deliciámos o espaço fértil, surgido na oficina do tempo, com as formas ansiosas de novas mãos.
Por isso as mãos férteis surgiram na oficina do tempo, deliciando o barro ansioso de novas formas em novo espaço.
A memória, como a escultura, nasce da modelação ávida do tempo, ao jeito dos limites estreitos do espaço.
Augusto Mota, inédito, in "A Geografia do Prazer", 2000.

2 comentários:

Anónimo disse...

O eterno diálogo magistralmente concebido entre o texto e a imagem.
Um complemento mais do que indirecto. Em linha recta entre o antes e o depois. A nobre arte de escrever e fotografar. Divino.

Anónimo disse...

Não admira que os deuses tenham deixado as suas marcas... Ou ainda andam por aqui?