28/09/2005
Uma pequenina luz
Uma pequena luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a litle ligth
uma picola... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente a sopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não alumia apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia.
Indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre:
brilha.
Uma pequena luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha. Jorge de Sena
por
António Simões ,Augusto Mota e Gabriela Rocha Martins
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4 comentários:
"Perante esta beleza indescritível,
- Eu que da Língua digo ter comando -
Pasma-se o olhar prescrutador e brando,
E existo na linguagem do indízivel."
Eu vos saúdo, Irmãos!
E brilhará enquanto houver poetas, como Jorge de Sena.
Os teus poemas serão sempre a arma dos excluídos.
O gume dos apátridas.
O arremesso dos heróis da Língua Portuguesa.
meninos!
quanto me desculpo de ter chegado atrasada à conversa.
gostava de convosco dialogar mas quem escutará ainda a minha voz
cheguei tarde. culpa do blogspot. em manutenção...
...tão pouco poético!
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