26/05/2005

Exame

Feiticeiro sem deuses, reconheço
o limite dos meus encantamentos.
Só em raros momentos
de inspiração
eu consigo o milagre de um poema,
teorema
indemonstrável pela multidão.
Mas é desse limite que me ufano:
ser humano
e poeta.
Humildemente,
com toda a paciência da terra,
com toda a impaciência do mar,
aguardo o transe, a hora desmedida;
e é o próprio rosto universal da vida
que se ilumina,
quando o primeiro verso me fulmina.
Miguel Torga

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