21/09/2005

A Literatura

1.
A literatura vive de falhas sumptuosas, de algumas
certezas
encostadas ao coração. Onde chega a palavra,
edifica-se um campo de gestos novos, verosímeis.
2.
Um homem cruza-se na rua com outro homem.
Ambos caminham para um lugar. Ninguém sabe,
ainda,
por que se desconhecem. Ambos choram ao mesmo
tempo.
3.
Por amor de uma areia, um homem percorreu
um deserto.
Encontrou-a no fim. Num ponto de presença absoluta,
onde se pode sentir a órbita de um planeta.
4.
De algumas rochas, fica o fascínio das altas
temperaturas,
das recristalizações. Chegam à superfície, depois
de milhões de anos, para fazer de pedra a casa nova.
5.
Entre o poema e o poeta, há uma gramática sem
semelhanças,
uma presença de ar obscuro. Torna-se possível a
unidade do mundo,
a indistinção entre a língua e fala. A voz estremece.
Firmino Mendes, in "Desvelamentos"
www.sopadenabos.blogspot.com

4 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

Belíssimos estes registos.
Parabéns Gabriela pelas tuas constantes descobertas.
Vale, de facto, a pena parar e ler.De ponta a ponta.
Firmino Mendes, na Literatura, um poeta.

Anónimo disse...

é. embora sendo de Guimarães tem alguns poemas muito bons. e um bastante feliz sobre Silves. não o publico ainda porque outros deverão fazê-lo, primeiro. há que saber respeitar as descobertas...não fui eu que o descobri. alguém o fez por mim. em boa hora agradeço à Paula Bravo e ao António B Oliveira.

Anónimo disse...

best regards, nice info »