19/09/2005

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI / O TERNO DIÁLOGO

"se eu entender o que significam as palavras serei uma bárbara para aquele a quem falo e aquele que me fala será para mim um bárbaro.
Se oro numa língua que não entendo, meu coração ora, mas a minha inteligência não colhe fruto.
Não é que vossa acção não seja boa, mas os outros não se edificam com ela".
( Evangelho, S. Paulo, 1ª Epístula aos Coríntios, Cap. XIV, v. 11, 14 e 17 )
Um espaço. Um gesto. Uma frase. No princípio foi o VERBO. Verbo começar quando não era previsível a ruptura.
Ruptura num tempo. O conceptual como alternativa ao gestual.
Um parêntesis, porém, necessário.
Depois falaremos de Poesia. De Poesia, sim, meu Amigo!
Glória Maria Marreiros, António Simões, Maria Eugénia Cunhal, Manuel Madeira, Maria do Sameiro Barroso, Sandro William Junqueiro, Gabriela Rocha Martins - apresentados com a consciência de quem, na Poesia, não se sentiam "orfãos".
Augusto Mota - conceptualmente o timoneiro. Aquele que tudo deu. Até o amor...
...Todavia, o recomeço. O reencontro. A dualidade. A proposta de resistir. O terno diálogo.
Então, os outros revelam-se. A razão perde-se, impotente, quando tudo se consubstancia em opacidades.
"Sic Transit Gloria Mundi" ou a inelutável dialéctica do ser-não sendo, do estar-partindo, do costruir-destruindo.
Aprendizagem de liberdade. Espaços delimitados. Silêncios. Referências mútuas.
...Mas só os artistas se movem no silêncio poético das zonas ignoradas, intangíveis, exercitando em função delas, a própria sensibilidade. Só os artistas recriam a vida e exorcizam a morte, quando se comprometem no corporizar das incógnitas.
Tudo, porém, é estranho e íntimo.
O vazio, a transitória vaidade humana, o existencial - presenças/ausências - constantes na Poesia.
Todos cúmplices, num mistério que é só deles, e, naquela sábia manifestação de indiferença, afirmação de um encontro, certo.
Todos, no seu conjunto e de "per si", constituem sinais dum mesmo diálogo - quantas vezes difícil - do Homem, no decurso imemorial do Tempo, e, cuja poética é, antes do mais, uma perpétua recuperação de si mesmos.
Como disse André Breton, "o que importa é conseguir escapar ao princípio da identidade"...
Será, meu Amigo, ainda tarde para falarmos de Poesia?
Gabriela Rocha Martins, Silves, 19 Setembro 2005.

8 comentários:

Anónimo disse...

Que bom.
De regresso pleno o "nosso" palácio,
e com um texto magnífico assinado pela Gabriela
Obrigada a todos.
Sabem? Tinha saudades vossas.
AH! e obrigada pelo Andrea Bocelli, cuja voz adapta-se lindamente a este blogue.
....e que venham mais cinco...

Anónimo disse...

Obrigada Gabriela
Obrigada amiga pelo regresso em cheio do Palácio das Varandas.
Quantas saudades, Deus meu!

Anónimo disse...

O Tempo não denegriu as paredes deste Palácio.
Ei-lo mais coeso e mais belo.
Obrigada, Gabriela, por este teu magnífico texto, pleno de signo.
E eis-me pronto a seguir-vos, qual "servo"...em nome da POESIA!

Anónimo disse...

ei! meninos...
que saudades de encontrar-vos aqui.
eu sabia. sabia que nos esperariam do outro lado do sonho.
é muito bom saber e contar com os amigos.
obrigada. a todos. todos. sem distinção de sexos, idades e...
queriam festa, hem! pois fiquem-se por aqui.
bjocas.

Anónimo disse...

Tinhas que colocar o Bocelli, Gabriela.
Lembras-te?

Anónimo disse...

claro!

Anónimo disse...

Bom regreso a todos os colaboradores que abrem de par em par as varandas deste acolhedor palácio ! E que cheguem mais !
Um abraço.
Fernanda.

Anónimo disse...

assim esperamos... há novos nomes e novas publicações na calha... e, porque não, juntar-se aos demais, querida amiga?