14/11/2005

Grades, nem de vento

Apanha-se um pássaro
( só em pensamento )
e faz-se-lhe uma gaiola
com grades de vento.
E diz-se: "Pássaro voa!";
se ele desaparecer,
é porque a gaiola é boa -
é gaiola de o não ser.
Mas se o pássaro não voar
da gaiola em questão,
é porque mesmo de vento,
ela pode ser prisão.
E enquanto o pássaro dorme,
caçador arrependido
arranca as grades de vento,
uma a uma, sem ruído.
De manã, quando acordar,
o pássaro acorda o poeta,
e vão os dois pelo ar -
só é livre quem liberta.
António Simões, Fevereiro 1984.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não há preço para a LIBERDADE, poeta António Simões.
Um abraço.

Anónimo disse...

Lindos estes vôos através da Liberdade e da Poesia. Tudo neste poeta é belo. Até o pensamento.

Anónimo disse...

É tão sobejamente doce ler este Senhor Poeta.
Os seus poemas quanto mais se lêem mais apetecem, porque tudo nele é sempre novo.

Anónimo disse...

quaisquer comentários ( apesar de nunca demais ) tornam-se escusados.
gratos.