repito sensitivamente o mesmo gesto
num pequeno almoço eterno
quando
a urbanização dos grandes conjuntos
me atira
ao espaço reduzido da areia depenico esta ilha de autómatos
onde
os corvos edificam os ninhos
as gaivotas denunciam os marginais passo dedos por frias estátuas de carne
representando gestos de impaciência ( bocas escancaradas na calúnia
são o presente do verbo ouvir
são as bicas aquecidas na rotina ) vejo-as coaguladas no tempo que não fazem
alinhadas no areal ( são resíduos dum pôr de sol cinzento
sustentáculos petrificados
dum intelecto que não funciona ) mergulho nesta ilha de autómatos
e
sinto-me como um feto
conservado num frasco de fenol gabriela rocha martins, in "Hydra", 2005 ( inédito )
2 comentários:
A fim de matar saudades do nosso tempo de Armação, um outro tempo, porém, muito nosso tempo, preciso ver-te e não apenas ler-te, miúda!
Olá, Terezinha! bons tempos dizes bem...todavia...o que ficou?
Nós ( os alguns nós )e já é muito.
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