Como um deus sorvo as colinas do desejo e sigo, perdido, pelas sendas agrestes da memória e de um tempo que parou aqui. E agora, receoso, fujo de mim em direcção às mãos que desenham cada gesto e perpectuam o amanhecer. Duas estrelas recordam os êxitos dessa memória e clamam pelo subtil silêncio da cidade sitiada. Não é vã a glória que é prenúncio de outra cidade! Sempre o corpo há-de ser metáfora de mulher e de cidade! Assim a conquista corre célere pelas mãos que, em uníssino, celebram o ritual do sacrifício. Um dia tudo há-de ser claro como o grito da vitória entre as mãos em penitência. A confissão ficará adiada para a memória do presente! Augusto Mota, in "Geografia do Prazer", 2000 ( inédito )
5 comentários:
Mulher/Metáfora/imagem de uma beleza ímpar que seduz pela escrita do Autor em constante mutação.
Belo. Belíssimo contraluz
Curioso como estes dois Autores se completam...há uma linguagem paratextual que começando na deixa do primeiro só termina no segundo. No entanto, nunca se sabe, em um e outro, quem é o primeiro...ele ou ela? ela ou ele?
Augusto ou Gabriela?
Cumplicidade textual perfeita!
Obrigado, Augusto, pelas lindíssima metáforas subjacentes aos seus textos.
Nada é linear, mas, tudo se clarifica na linguagem dos deuses...
...Cesar Augustus...
ou simplesmente Augusto, compulsivamente, o deus/homem da arte
Que bela homenagem, Mota ! É uma felicidade quando a recordação se sublima em metáfora de vida ! Um abraço amigo.
obrigadíssima a todos vós.
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