Eugénio de Andrade nasceu no dia 19 de Janeiro de 1923, em Póvoa de Atalaia, e, faleceu, hoje, 13 de Junho de 2005, na cidade do Porto.
É o pseudónimo literário ( de José Fontinha ) que se tornou no verdadeiro nome do poeta, visto que, como ele próprio afirmava, "o meu nome civil já me é perfeitamente estranho. Se me chamarem por ele, não respondo". Filho, neto e bisneto de camponeses, a sua relação com as terras baixas e interiores da Beira é materna, isto é, poética.
Com efeito, a figura dominante de toda a sua vida e obra é a mãe, e, tanto assim que, com a morte da mesma ( a quem dedica Coração do Dia ), em 1956, é também uma parte do poeta que desaparece: "A minha ligação à infância é, sobretudo, uma ligação à minha mãe e à minha terra, porque, no fundo, vivemos um para o outro."
(...)
in Dicionário de Literatura Portuguesa, dirigido por Álvaro Manuel Machado ( adaptado )
*
As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
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