07/06/2005

Mário Cláudio, hoje premiado


Mário Cláudio desenhado por Vasco Posted by Hello

Mário Cláudio, pseudónimo de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nasceu no Porto em 1941. Frequentou o curso de Direito em Lisboa, tendo-o terminado na Universidade de Coimbra. Frequentou a Universidade de Londres, graduando-se como Master of Arts. De regresso a Portugal, tem exercido funções como técnico do Museu Nacional de Literatura e como professor universitário. ganhou o Prémio APE de Romance e Novela em 1984 com a obra Amadeo. É considerado um dos mais importantes autores portugueses das últimas duas décadas. Embora se tenha dedicado à poesia, ao teatro e ao ensaio, é no romance que Mário Cláudio mais se tem destacado.
Em 2004 foi agraciado com o Pémio Fernando Pessoa.
2380 Ano Camões 2380
Ele assoma à janela antiga: aqui onde os cristais se declinam ao vento, por entre vultos que o não vêem, que não é deles o olhar. "Há quatrocentos anos, os lagos e as planícies e os rios e as florestas e os mares sobre este rosto de velho pergaminho' o nosso, o do chão por onde vamos". "Os caminhos estão juncados de lanças partidas/ o cabelo espalha-se por toda a parte/ As casas estão sem telhado/ De paredes avermelhadas./ Os vermes pululam nas ruas e praças/ E as paredes acham-se salpicadas de miolos./ As águas estão vermelhas, como que pintadas./ E quando bebemos/ É como se bebêssemos salitre." Levantam-se colunas de fogo à sua passagem; as cidades solidificam, de incessantes escadarias, terraços que nenhum pássaro sobrevoa. Ele prossegue, de folhas cingido, cada vez mais de arame e cobalto, por desnudos fantoches escoltado, a poesia lhe descendo sobre os vidros, esse instante odor a borracha derretida. "Luís" - repete o relógio; "Luís" - o relógio. À sombra de um escasso ramo branco de coral, o homem faz desandar os parafusos da esquerda; os torrões esboroam-se a seus pés, aqui e além uma fenda se descerra para as salas liminais. Os indicadores mudam-lhe a rota, comunicam-lhe a última decisão, enquanto as nuvens lentas se acastelam nos longes. "Luís" - repete o relógio; "Luís - o relógio. As hélices perpassam num enorme fragor; ele parece hesitar um pouco; faz rodar, apressado, o manípulo de baixo. É a noite ou são as nuvens que avançam?
(...)
Mário Cláudio, "Itinerários", Lisboa, Publicações D. Quixote, 1993

4 comentários:

Anónimo disse...

prémio mais do que justo...

Anónimo disse...

Qual foi o prémio que ele recebeu?
Podem informar-me?

Anónimo disse...

O escritor Mário Cláudio recebeu o Prémio Pessoa 2004, em cerimónia que decorreu no Museu Militar, em Lisboa. O Júri do Prémio escolheu Mário Cláudio "pela mestria da língua, a preocupação historiográfica, a tentação biográfica e a extraordinária invenção narrativa".
O Prémio é concedido, anualmente, desde 1987, pela Unisys Portugal e pelo jornal Expresso.
José Mattoso, António Ramos Rosa, António damásio e Hannah Damásio, Vasco Graça Moura, Manuel Alegre, João Bénard da Costa, Herberto Helder, Eduardo Souto Moura e José Cardoso Pires são outras personalidades, igualmente, laureadas.

Anónimo disse...

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