10/07/2005

A Despedida de Heitor

Andrómaca
Vem Heitor despedir-se de mim para sempre,
Quando Aquiles, com as mãos temíveis,
Prepara o horrendo sacrifício a Pátroclo?
Quem, de futuro, ensinará o teu filho
A atirar as lanças e a honrar os deuses,
Quando te tragar o Orco escuro?
Heitor
Esposa querida, poupa as tuas lágrimas,
A minha ânsia febril vai para o campo de batalha,
Estes braços protegem Pérgamo
Lutando pelo altar sagrado dos deuses,
Cairei e, salvador da terra pátria,
Descerei ao rio estígio.
Andrómaca
Não mais escutarei o fragor das tuas armas,
Ociosa está a tua espada no átrio,
Arruina-se a estirpe heróica do grande Príamo.
Vais para onde não mais surgem os dias,
O Cocito chora, através dos desertos,
O teu amor no Lete termina.
Heitor
Toda a minha ânsia, todo o meu pensamento
Quero afundar na torrente tranquila do Lete,
Mas não o meu amor.
Escuta! o selvagem já está em fúria nas muralhas,
Afivela-me a espada, deixa-te de lágrimas,
Não morre no Lete o amor de Heitor.
Friedrich Schiller,
( Tradução de Maria do Sameiro Barroso )

6 comentários:

Anónimo disse...

"Não mais escutarei o fragor das tuas armas,
Ociosa está a tua espada no átrio,
Arruina-se a estirpe heróica do grande Príamo.
Vais para onde não mais surgem os dias,
O Cocito chora, através dos desertos,
O teu amor no Lete termina."

Inquieta, aflita e pungente despedida de uma mulher amante de seu marido que receia não voltar a ver! E Heitor, herói consciente do seu valor, quanto a mim, superior a Aquiles. Bonito poema que nos trouxe, Gabriela, numa bela tradução de sua amiga Maria do Sameiro.
Um abraço,
Fernanda.
P.S. - É verdade; a música de hoje, muito bonita, associa-se à ideia do poema. Pura coincidência ? Vou dizer-lhe um segredo : conheço a ária, mas não estou a identificá-la ...
Boa noite.

Anónimo disse...

"Claire de lune", de Debussy...
minha Amiga...

ontem ( domingo ), tinha-lhe prometido uma surpresa.

o tempo, porém, prega-nos partidas

e

às vezes, como as crianças, com a bola, gostaria de "chutá-lo"...

...fá-lo-ei, amanhã!

Anónimo disse...

A sensibilidade de dois poetas encontrados ao fim de duzentos anos.
Muito feliz esta tradução.
Parabéns Maria do Sameiro Barroso.

Anónimo disse...

Maria do Sameiro, a poeta, completa,
espera e escreve
com a força e delidadeza que lhe são tão peculiares.

Anónimo disse...

agradeço no tempo preciso em que regresso.
se me atrasei, desculpem!
nem sempre consigo estar, sempre presente, e, acreditem que lamento.

Anónimo disse...

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