o novo tempo límpido e poderoso,
sulcando anímicos vulcões, a terra e o seu fulgor luminoso,
bebendo o fogo líquido, universal,
os relâmpagos e as espirais, sobre aras de Dioniso.
Sei que sou invisível, porque nasço das vinhas
dolorosas.
Canto as uvas doces, o vinho e as imagens,
os fragmentos de luz, os seus tesouros subtis,
as suas asas florentes.
Nas frases, os pensamentos são corolas de mel,
retidas na sua estação mais densa.
Escrevo os dias e os nomes, o olhar gravado
nas texturas da memória, resumindo, o testemunho,
o domínio, os tesouros do esquecimento.
Sei que sou um fragmento, entre ruínas e despojos,
estirados, nos desenhos do vento.
Canto as uvas doces, os hinos de sol, a penumbra
deslumbrada,
e o meu rosto arde nos fulcros arrebatados dos ciclos,
das idades,
sulcando os gumes, a suavidade
estirados, nos desenhos do vento.
Canto as uvas doces, os hinos de sol, a penumbra
deslumbrada,
e o meu rosto arde nos fulcros arrebatados dos ciclos,
das idades,
sulcando os gumes, a suavidade
da claridade transcendente.
Maria do Sameiro Barroso, inédito, in "Idades Sonâmbulas".
3 comentários:
Um caso muito curioso de amor à primeira vista.
O desta senhora com a Poesia.
Do transcendente ao emanente tudo se harmoniza em Maria do Sameiro.
lindo, meus amigos!
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