Momento de magia
o mano
um deus acocorado
falas brandas:
Anda pá, entra... pá.
Na gostas da conversa?
Amanhem trague-te bifes
- Bifes, mano?
P'ra os caranguejes?
Melhor p'ra gente
todos três
ca gente nunca se come...
- Afia o dente, afia...
Na vês q'uisto é só falar por falar
p'ra engodar eles? Glória Maria Marreiros, in "Algarve. A gente e o mar".
9 comentários:
Na mornura de um sol frouxo e marmaço
enlaças, Senhora, estes versos, de discreto porte.
Eu, por meu lado,
passo a ser o que me oferece a sorte.
Querida Glória!
É com estas crianças falando uma alegre algarviada que se constrói o FUTURO.
Muito obrigada, minha amiga.
( Eu ainda continuo acreditando...)
Infelizmente, quantas crianças não têm, ainda hoje, de "engodar" ( enganar ) a fome, deus, mano meu?
Sonham com um naco de carne a que chamam bife ( convencidos ), para se enganarem a si mesmos.
É a miséria que dói. São crianças...
Vou tecendo lençóis de espanto nos poemas de fome de Glória Maria Marreiros.
Esta Poeta sabe do que escreve.
e eu vou humildemente agradecendo...
Um abraço,Glória, por estes meninos tão inocentes, brincando com a fome...
deveria deixar para a Glória o agradecimento, mas, minha Amiga, já sei o que a "casa" gasta... e os meus companheiros, cada um a seu jeito, vai deixando para a Maria Gabriela os agradecimentos. não é que não fiquem comovidos e gratos, a Fernanda sabe bem que sim, mas fazê-los descer ao "palácio" dá cá uma "trabalhêra" ( utilizando o regionalismo algarvio )!
por isso é melhor antecipar-me...
a Glória costuma ler, só que não sabe comentar, e depois, fica muito aflita ao pensar que tem de fazê-lo.
por ela...obrigada!
"os meus companheiros vão deixando..." desculpe a gralha. fugiu-me a mão para o singular!
Nada têm a agradecer!
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