56. Correm turvas as águas deste rio
Que em minha alma corre sem descanso;
E ora vai irado, ora manso,
Se eu me sinto calmo ou desvario. Correm turvas se turbado eu guio
Os meus pensamentos;
mas quando alcanço
A plena razão, é nesse remanso
Que mais claras as águas aprecio. Correm às vezes cobertas de flores
Que mais parecem peixes voadores
Com essas asas que lhes dá o sonho. Corre incerto o rio do pensamento,
Ora tumultuoso, ora lento,
Ora alegre e claro, ora medonho. António Simões, in "Amor é um fogo que arde sem se ver, e outros sonetos".
3 comentários:
É com rigor e sobeja mestria que António Simões verseja e nos transporta para lá do sonho.
Aqui repouso nos braços de um poema, Amigo...
e eu, aqui vos deixo um beijo amigo.
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