Repara bem: isto é o meu corpo -
Com palavras me esculpo e dou forma,
Enquanto vai envelhecendo o outro,
A carne do verso é sempre nova. Repara melhor: é também teu corpo,
Pois tu que me lês não ficas de fora:
Sílaba a sílaba, traço-te o rosto
Onde meu olhar, feliz, se demora. Habitamos os dois este soneto:
Ao evocar-te, nele te esculpi,
E passo a ter a tua companhia. Mas deixar-te partir eu não prometo,
Nenhum de nós pode sair daqui,
Que o soneto depois se desfazia. António Simões, in "Soneto de Água e Outros".
4 comentários:
Lindo, António Simões.
Um abraço, Poeta!
É, de novo, a doçura feita poema.
Em contrapartida, António Simões tem, em si, a magia da palavra.
subscrevo inteiramente o que escreveram, meus amigos. cabe ao Poeta agradecer. nós ficamos em suspenso...
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