Chama-se auréola dos dias
chama-se o oculto dos livros,
marema do poema do mar,
azuis que habitam a cor da noite,
luares rasgados pelo olhar,
membranas do desejo acontecido,
ramas de amarelo do mistério,
esgares do vento pelo poema,
janelas barradas de memórias,
candeias de odores entontecidos,
passos de areia, de pinhais,
laranjas com casca da verdade,
mãos roxas de água de tanques,
cadernitos de palavras amansadas,
marema do poema. / do mar.
vermelhos dos finais e dos começos,
terra humedecida a cheirar,
leites de nados queridos,
sinetas da páscoa pelos caminhos,
copas de troncos a fermentar,
rodas de braços enternecidos
no verniz das rodas do virar,
meneios de olhar com os sentidos,
modos do saber sem se olhar,
proezas de núpcias virginais,
algas de marinheiros vindos,
ponteiros do coração a acenar.
Chama-se auréola dos dias.
sereno e silencioso respirar,
asas do veludo e do linho;
da voz / a semente / o aflorar
marema. / do poema / do mar.
maria toscano, in "A Utopia da Coragem".
4 comentários:
Muito obrigada Gabriela por nos teres proporcionado a leitura deste magnífico poema da maria toscano.
1 bj.
Pela coragem, pela utopia e pela beleza, um abraço, Poeta!
É sempre muito agradável reler a maria toscano.
e com que gosto nós a temos aqui...
... prometo-vos novos e menos novos poemas da maria toscano. sempre.
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