Quem me dera pensar que assim era!
E vejo a hora feliz rindo azul.
Falla cantaria se fosse outra a Primavera.
Não é do sonho num país do Sul. Mataram o poeta, feneceu a estrela
Ficou muda a mesa do banquete.
Oh! Hora Azul, que paz retê-la!
Porque o voo a pomba não repete? Só homens comendo. Os deuses mortos. Flores?
Não! Mas ia de alma a alma uma
Flor infinda. Restos não há se lá fores
Nem a flor perfumou ou perfuma.
Só homens lá, só almas alargando
Cada alma. E a paz não era pomba
Já, mas aquele eflúvio brando
Que de cada alma tomba e tomba. Mas era Falla afinal que falava
E o sonho morreu, a pomba não.
Escorre-me o vulcão de futura lava:
Esperança é o que todos são!
António Simões. in "Diálogo", suplemento de cultura
letras e artes do "Diário Ilustrado", 9 Julho 1957.
5 comentários:
Este poema só podia fazer par com aquela ilustração.
Tão naïf e tão oportuna.
Um abraço, António Simões!
Aquele abraço, Poeta!
Com Falla ainda fala a juventude.
Um abraço.
e a gerência, também aqui, agradece.
Enviar um comentário