17/11/2005

A HORA AZUL

Quem me dera pensar que assim era!
E vejo a hora feliz rindo azul.
Falla cantaria se fosse outra a Primavera.
Não é do sonho num país do Sul.
Mataram o poeta, feneceu a estrela
Ficou muda a mesa do banquete.
Oh! Hora Azul, que paz retê-la!
Porque o voo a pomba não repete?
Só homens comendo. Os deuses mortos. Flores?
Não! Mas ia de alma a alma uma
Flor infinda. Restos não há se lá fores
Nem a flor perfumou ou perfuma.
Só homens lá, só almas alargando
Cada alma. E a paz não era pomba
Já, mas aquele eflúvio brando
Que de cada alma tomba e tomba.
Mas era Falla afinal que falava
E o sonho morreu, a pomba não.
Escorre-me o vulcão de futura lava:
Esperança é o que todos são!
António Simões. in "Diálogo", suplemento de cultura
letras e artes do "Diário Ilustrado", 9 Julho 1957.

5 comentários:

Anónimo disse...

Este poema só podia fazer par com aquela ilustração.
Tão naïf e tão oportuna.
Um abraço, António Simões!

Anónimo disse...

Aquele abraço, Poeta!

Anónimo disse...

Com Falla ainda fala a juventude.

Anónimo disse...

Um abraço.

Anónimo disse...

e a gerência, também aqui, agradece.