Apanha-se um pássaro
( só em pensamento )
e faz-se-lhe uma gaiola
com grades de vento. E diz-se: "Pássaro voa!";
se ele desaparecer,
é porque a gaiola é boa -
é gaiola de o não ser. Mas se o pássaro não voar
da gaiola em questão,
é porque mesmo de vento,
ela pode ser prisão. E enquanto o pássaro dorme,
caçador arrependido
arranca as grades de vento,
uma a uma, sem ruído. De manã, quando acordar,
o pássaro acorda o poeta,
e vão os dois pelo ar -
só é livre quem liberta. António Simões, Fevereiro 1984.
4 comentários:
Não há preço para a LIBERDADE, poeta António Simões.
Um abraço.
Lindos estes vôos através da Liberdade e da Poesia. Tudo neste poeta é belo. Até o pensamento.
É tão sobejamente doce ler este Senhor Poeta.
Os seus poemas quanto mais se lêem mais apetecem, porque tudo nele é sempre novo.
quaisquer comentários ( apesar de nunca demais ) tornam-se escusados.
gratos.
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